Trabalho em Equipa

18-01-2023
Imagem 1 - Trabalho em equipa na equipa multiprofissional
Imagem 1 - Trabalho em equipa na equipa multiprofissional

Fonte: Istock

Segundo Camelo e Helena (2011) o trabalho em equipa é uma estratégia de organização do trabalho em que existe a articulação das ações e dos saberes de diversas categorias profissionais, o que acaba por acrescentar qualidade na atenção prestada às necessidades de saúde dos utentes e ser uma ferramenta que ajuda a "redesenhar o trabalho e promover a qualidade dos serviços" (Peduzzi et al. citado por Rothebarth et al., 2016). 

"O todo é maior que a soma das partes". Aristóteles

Embora muitas vezes o ambiente formativo seja dotado de alguma "competitividade", também no Processo de Supervisão Clínica de estudantes de enfermagem em ensino clínico se deve incentivar a construir uma dinâmica de trabalho de equipa entre o grupo de estudantes, tanto no contexto de prestação de cuidados como no estudo autónomo, e entre os estudantes e os restantes profissionais, utentes e família..

"O processo de envolvimento da família nos cuidados deve ser bem acompanhado pelo enfermeiro, não devendo este sentir-se ameaçado pela presença do familiar, mas também não devendo ver no familiar o substituto para algumas das suas funções. A relação de parceria deve ser negociada e clarificada entre as partes envolvidas, só assim poderá ser uma parceria eficaz e positiva" (Martins et al.,2012 citado por Rodrigues 2013).

Imagem 3 - Trabalho em equipa com utente e família
Imagem 3 - Trabalho em equipa com utente e família

Com os exercícios práticos realizados nas aulas desta unidade curricular foi possível efetuar uma reflexão sincera e profunda acerca da minha atitude em equipa, trazendo à consciência qual a postura que tenho em relação ao trabalho em equipa, a forma como contribuo para o mesmo e quais as  características que identifico como sendo barreiras para este processo. 
Com esta tomada de consciência foi possível trabalhar as barreiras de forma a transforma-las em pontes entre mim e a equipa, potenciando o trabalho em equipa. 

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Também os exercícios que foram realizados nesta Unidade Curricular trarão benefícios em serem realizados com os estudantes, por exemplo, numa reunião de avaliação intermédia. 

"Unir-se é um bom começo, manter a união é um progresso, e trabalhar em conjunto é a vitória." Henry Ford 

Mesmo com todas as vantagens do trabalho em equipa -  aproveitamento dos pontos fortes de cada individuo; maior criatividade e produtividade, com o surgimento de várias soluções para os problemas, etc. - nem todos os enfermeiros estão disponíveis para tal. 

Assim,  tal como afirma Rotherbarth et al. (2016) se por um lado o trabalho em equipa é o "produtor" da cooperação, por outro também poderá ser gerador de conflito, conflito esse que, no caso dos enfermeiros, influencia diretamente nos cuidados aos utentes. 

O conflito está inerente às relações interpessoais e é desencadeado, segundo Spagnol et al. (2020) por:

  • problemas de comunicação;
  • problemas na estrutura organizacional;
  • disputa de papéis;
  • escassez de recursos;
  • falta de compromisso profissional.

Considero também que atitudes como o individualismo, falta de confiança nos outros, excesso de confiança em si mesmo, espirito demasiado competitivo e ausência de solidariedade poderão também ser desencadeadores de conflito

O conflito é considerado um fenômeno inerente às relações interpessoais e de trabalho, e pode apresentar-se de forma positiva ou negativa, dependendo das estratégias de resolução utilizadas. Assim, de acordo com Rotherbarth et al. (2016) se os conflitos não forem conduzidos corretamente poderão tornar-se prejudiciais à organização uma vez que interferem de forma negativa na motivação e produtividade dos trabalhadores.

Assim, os conflitos para serem potenciadores de mudanças pessoais e organizacionais e impulsionarem o crescimento pessoal e profissional, a inovação e a produtividade têm de ter um caráter positivo, sendo utilizados como fatores desencadeantes de mudanças pessoais, grupais e organizacionais, que impulsionam o crescimento pessoal, a inovação e a produtividade.

De acordo com Spagnol et al. (2010) estas são algumas estratégias para conduzir os conflitos:

Imagem 2 - Gestão de Conflitos
Imagem 2 - Gestão de Conflitos

Fonte: Linkedin

  • Confrontação – tentativa de resolver problemas por meio de uma abordagem frontal entre as partes envolvidas; 
  • Abrandamento – enfatiza os interesses comuns, procurando minimizar as diferenças entre os membros conflitantes; 
  • Negociação – cada uma das partes abre mão de alguma coisa, conciliando as diferenças entre as partes envolvidas; 
  • Evitar o conflito – o gerente procura constituir equipes com maior afinidade de pontos de vista e objetivos, evita polêmicas, enfim, manipula as condições organizacionais e emocionais;
  • Retirada – quando o gerente demora para responder a uma questão, esquece do problema ou deixa que se resolva por si, evita o conflito ao invés de enfrentá-lo; 
  • Peso da autoridade – a última palavra decisória é dada por uma autoridade competente. 

(Spagnol et al., 2010)

Referências Bibliográficas

Camelo, H., Helena, S. (2011), O trabalho em equipe na instituição hospitalar: uma revisão integrativa. Cogitare Enfermagem. 16 (04), 734-740. https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=483648969021

Rodrigues, L. M. O. (2013). A Família Parceira no Cuidar: Intervenção do Enfermeiro. [Dissertação de Mestrado, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra]. Repositório Científico da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. https://www.repositorio.esenfc.pt/?url=XNQguO

Rotherbarth, A., Cesário, J., Lima, L. & Ribeiro, M. (2016). O trabalho em equipe na enfermagem: da cooperação ao conflito. Revista Eletrônica Gestão & Saúde. 07 (02), 521-534. https://www.periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/3492

Spagnol, C., Santiago, G., Campos, B., Badaró, M., Vieira, J. & Silveira, A. (2010). Situações de conflito vivenciadas no contexto hospitalar: a visão dos técnicos e auxiliares de enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 44 (03), 803-811. https://www.doi.org/10.1590/S0080-62342010000300036

Teixeira, N., Silva, M., Draganov, P. (2018). Desafios do enfermeiro no gerenciamento de conflitos dentro da equipe de enfermagem. Revista de Administração em Saúde. 18 (73). https://www.dx.doi.org/10.23973/ras.73.138


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